Sabia que existem certas condições médicas que afetam as pessoas afrodecendentes de forma frequente? Essas doenças têm diversos fatores de risco que estão ligados tanto a questões genéticas quanto ao contexto social e ambiental em que vivem. Neste artigo, exploraremos as principais doenças que impactam a comunidade negra brasileira e discutiremos as formas de prevenção e de tratamento.

Hipertensão arterial

A hipertensão arterial popularmente conhecida como pressão alta. É uma das doenças mais comuns entre a comunidade negra, sendo um fator de risco para problemas cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e doenças renais. Acredita-se que a maior predisposição a essa doença na população negra tenha origem no período colonial, aonde pessoas negras foram trazidas a força do continente africado para serem escravizadas. Submetidas a longas viagem de navio, com higiene, água e alimentação precarias, a maioria adoecia. A maior parte das doenças provocavam diarreia, que não tratada, matava por desidratação. Os que acabavam sobrevivendo eram aqueles que tinham maior capacidade de reter sal e, consequentemente, água. Tal característica genética que lhes salvou a vida então, hoje, aumenta o risco de pressão alta de seus decendentes. É importante ressaltar que a predisposição genética combinada com fatores como dieta desequilibrada e falta de atividade física aumentam o risco de desenvolvimento dessa condição. Portanto, é essencial que a comunidade negra fique atenta à pressão arterial e adote hábitos de vida saudáveis.

Diabetes tipo 2

O diabetes tipo 2 também afeta significativamente a comunidade negra. Essa condição ocorre quando o corpo não utiliza adequadamente a insulina produzida ou não produz insulina suficiente. Essa doença atinge mais os homens negros (9% a mais que os homens brancos) e as mulheres negras (em torno de 50% a mais que as mulheres brancas). Além da predisposição genética, fatores como obesidade, estilo de vida sedentário e alimentação inadequada desempenham um papel importante no desenvolvimento do diabetes tipo 2. O monitoramento regular da glicemia e a adoção de uma dieta equilibrada e hábitos saudáveis de vida são fundamentais para prevenir e controlar essa doença.

Obesidade

A obesidade é um problema de saúde que afeta um número significativo de pessoas na comunidade negra brasileira. A dieta desequilibrada e a falta de atividade física são fatores que contribuem para o aumento do índice de massa corporal e o desenvolvimento da obesidade. É importante ressaltar que a obesidade está relacionada a diversas condições médicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão arterial. A promoção de uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos são formas eficazes de prevenção e controle da obesidade.

Câncer de próstata

O câncer de próstata é uma das principais causas de mortalidade masculina no Brasil, e a comunidade negra tem maior probabilidade de desenvolvê-lo em comparação a outros grupos, apesar de não se saber as razões com clareza. O risco nos homens negros é de duas a três vezes maior que no restante da população masculina. Além de ser duas vezes mais fatal e ocorrer cerca de cinco a dez anos mais cedo que o padrão de 50 anos. Além disso, existem fatores sociais e econômicos que afetam o acesso à saúde e ao diagnóstico precoce, levando a um maior índice de diagnóstico em estágios avançados. A conscientização sobre a importância da realização regular de exames preventivos (exame de toque, análise de PSA e biópsia) e o acesso igualitário aos serviços de saúde são fundamentais para combater esse problema.

Doenças falciformes

As doenças falciformes são um grupo de desordens genéticas que afetam principalmente a comunidade negra. A mais conhecida é a anemia falciforme, uma doença hereditária caracterizada pela deformação das hemácias, o que compromete a circulação sanguínea e causa dor intensa. É importante que as pessoas que têm histórico familiar dessas doenças realizem testes genéticos e recebam acompanhamento médico adequado para o controle da condição.

Saúde Mental

Além das condições físicas, a saúde mental é uma preocupação importante. Afrodescendentes frequentemente enfrentam discriminação racial, estresse socioeconômico e falta de acesso a serviços de saúde mental. Isso pode levar a taxas mais altas de depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental na comunidade negra.

Considerações finais

A conscientização sobre as principais doenças que afetam a comunidade negra no Brasil é fundamental para a prevenção e o tratamento adequado. Além de fatores genéticos, é importante considerar o contexto social, o acesso aos serviços de saúde e a adoção de hábitos saudáveis de vida como elementos chave para melhorar a qualidade de vida e reduzir a incidência dessas doenças. É fundamental também que haja igualdade no acesso aos serviços de saúde, valorização da representatividade negra no campo da medicina e investimentos em políticas públicas que promovam a saúde da comunidade afro-brasileira.